quinta-feira, agosto 04, 2005

Renascer

Maria Thereza Neves
Labirinto, 1999, Óleo s/ tela


Ontem os meus olhos fechavam-se ainda
E não permitiam o sabor da cor, da imagem.
Como criança pequena de anos curtos
Tropeçava nos meus próprios pés incertos.
E o caminho tornava-se tactear inseguro
Em horizontes negros de vazio de ser.

Ontem os meus olhos cegos e parados
Traziam-me o receio do desconhecido.
E o escuro era vida de inquietude.

Então o silêncio envolveu-me e abraçou-me
Provocando tempestades de questões por evocar.
E o silêncio foi tempo de inquietude.

Hoje os meus olhos tentam abrir-se
Procurando marés de imagens plenas de cor
Rasgando horizontes que teimamos certos.

Ao longe bem no longe bem definido
Uma chama estremece sem se apagar
Ardendo perene sem combustão provocada.

Hoje os meus olhos vão apre(e)ndendo
Uma luz que sinto mas não sei
Ainda…

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