quarta-feira, setembro 28, 2005

Batem à porta

Batem à porta.
Na sala onde me liberto
Absorto e indiferente
Apenas o fumo do cigarro
Que repousa na minha mão
Me liga à vida e ao presente.
Nada mais do que tempo
Que de tempo se libertou.

Batem à porta.
Cá dentro, onde me confundo
Com o fumo que dos meus dedos
Abandonados evolui em espirais
Sinto-me tranquilo
Como tranquilo é o ar que respiro.
Cá dentro, eu comigo próprio.
Sem saber ainda que comigo
Apenas o fumo me separa de mim.

Lá fora, não sei. Ainda.
Só sei que batem à porta.

Batem à porta.
Ouvi nitidamente as pancadas.
Diz o vate que foi ver.
Eu fiquei cá dentro. Ainda.

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