quinta-feira, outubro 27, 2005

Desassossego

Sinto-me perdido e sem norte
Na praça dos que giram sem bússola.

O meu desassossego é considerar-me
Preso ao que não compreendo.

Sinto-me do lado de lá da fronteira.

Entre mim e os que habitam a Praça
A barreira das convenções, das regras, da lei.

Dos moradores da Praça para mim
A indiferença, o esquecimento, a porta fechada.

De mim para os de dentro
A compreensão da sua cegueira.

Por isso, as minhas incursões
Em terras que não me pertencem.

Lisboa, 1977
(In “Caminhando”, Suplemento de “A Chama”, Olivais Sul, 1983)

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