quarta-feira, outubro 19, 2005

Ditadores e Ditadores


Segundo rezam as crónicas, começa hoje, em Bagdad, o julgamento de Saddam Hussein, ex-ditador do Iraque. Como diz o Público, “o «grande líder», como se fazia descrever, comparando-se a Nabucodonosor, que conquistou Jerusalém, ou a Saladino, que venceu os cruzados, sonhava unir todos os árabes numa só nação sob seu controlo.” É, segundo consta, o primeiro líder do mundo árabe a sentar-se no banco dos réus.

Se Saddam Hussein cometeu os crimes de que é acusado – e tudo leva a crer que os tenha cometido – então que seja julgado e condenado. Sobre a pena a atribuir não me quero pronunciar, para além de que, por motivos sérios de consciência, continuo a acreditar que a pena de morte não tem justificação ética, nem moral.

E sobre a pena de morte, subscrevo o que afirma a Amnistia Internacional:

“A pena de morte é a punição mais cruel, desumana e degradante.
Viola o direito à vida.
É irreversível e pode ser infligida a inocentes. Nunca se provou que fosse capaz de diminuir o crime mais eficazmente do que outras formas de punição.”

Mas, já agora, que vem também a jeito, gostaria de lembrar outros casos de ex-ditadores, para os quais não se usou o mesmo critério, a mesma medida, o mesmo rigor e a mesma pressa na condenação. Lembro-me, por exemplo e tão-somente por agora, de Augusto Pinochet, ex-ditador do Chile. Quer-me cá parecer que os que morreram no Chile eram de segunda classe, em relação aos do Iraque.

Julgue-se, pois, Saddam Hussein. Com seriedade, com liberdade, com justiça.

1 comentário:

armando s. sousa disse...

Subscrevo inteiramente o seu post.
Aliás escrevi exactamente sobre o mesmo assunto.
Um abraço.