quarta-feira, fevereiro 08, 2006

Liberdades Indignadas

Muito se tem falado, escrito, gritado, gesticulado, incendiado, protestado, sobre uns desenhos que surgiram na imprensa europeia há tempos. Muito se tem falado e escrito, de facto. Mas também já a morte fez a sua habitual aparição.

Cá para mim, parece-me que, independentemente de outros considerandos ou de outras hipóteses de explicação, se calhar, o que poderemos dizer é: Liberdade de Expressão por um lado e direito à indignação por outro.

Parece-me que o que estará em causa mesmo é como realizar, como concretizar, estes conceitos, estes direitos fundamentais que, afinal, se calhar, todos seremos capazes de subscrever.

No Ocidente, a sensação que se tem é que a resposta (aos “cartoons”, mas se calhar também a muitos outros gestos, actos ou palavras) por quem se sentiu ofendido, foi uma resposta despropositada.

Mas, se calhar, a sociedade de hoje, é ela mesma, uma sociedade cada vez mais despropositada.

Por isso, a grande dificuldade de concretizar o diálogo entre estas duas realidades, que se confinam a ocidente e a oriente deste espaço comum que chamamos a nossa casa universal.

E, sem querer entrar em cabalas fantasistas, apetece-me também colocar uma questão, por vezes bem escamoteada: a quem é que interessa este agudizar de conflitos que se manifestam um pouco por todo o lado? Diria mesmo que é estranho que ainda em rescaldo de Iraques, nos adventos de Irãos, nas democracias das Palestinas, surgisse também agora um conflito de cariz bem mais singular.

Se calhar, os Senhores do Mundo são, de facto, os Senhores da Guerra e do Caos.

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