terça-feira, setembro 11, 2007

Hoje também me apeteceu falar sobre o caso Maddie McCann

Ainda não tinha aqui trazido o caso da menina que desapareceu quando dormia com os seus dois irmãos num quarto de um hotel na Praia da Luz, Algarve, em 3 de Maio de 2007. Porque, se calhar, como o barulho, a gritaria, a algazarra, a histeria era tamanha, sempre achei que mais valia ter a boca fechada, do que deixar por lá andar mosca. Tudo isto, pese embora, como é evidente, o facto – e isto é que é sério, importante – de ter desaparecido, do seio dos pais, uma criança. Mais uma, aliás, não o esqueçamos. É que, é bom lembrar, segundo dados oficiais, cerca de 1,2 milhões de crianças são traficadas por ano em todo o mundo.

Ontem estive a ver o programa Prós e Contras, na RTP1. E francamente, gostei. É que abordar este caso [como qualquer outro, aliás] desta forma, vale a pena.

Dele, gostaria de realçar alguns pontos que lá foram abordados:

1 – O grande “ponto-de-situação” que Henrique Monteiro [Director do Expresso] começou por colocar: Mas afinal, o que é que nós todos sabemos sobre este caso? Para além de que uma criança desapareceu e que três pessoas são arguidas?

2 – A questão levantada por José Miguel Júdice: o alarido, a excitação, o barulho e a histeria levantados sobre este caso, primeiro com grande emoção de apoio, de carinho para com o casal, e agora com grande emoção de acusação sobre o mesmo casal. De repente, de santos, os McCann transformam-se em demónios? Sabendo que, afinal, todos temos o direito à presunção de inocência.

3 – A excelente prestação (até pela pedagogia praticada) de Carlos Anjos [Presidente da Associação Sindical dos Funcionários de Investigação Criminal], que pôs o dedo na ferida: não ferindo o segredo de justiça, deu algumas informações que já deveriam ter sido dadas há mais tempo, por quem de direito. Com a simplicidade de quem tem pelas coisas a naturalidade da própria existência. E quanto ao segredo de justiça, não é divulgar por divulgar, mas divulgar, pensando nas pessoas.

4 – No fundo, como referiram, ainda, José Manuel Anes e Francisco Moita Flores, o que se tem passado é um verdadeiro descontrolo de emoções perante a sensação de perda. De perda de alguém que é nosso, que nos é querido. E que, no meio de tudo isto, o que parece é que a investigação está a ser vítima de fogo amigo.

Cá para mim, creio bem que o que acaba por ficar é apenas e tão-somente a convicção que cada um quer e escolhe. Sem outro conhecimento que não seja o próprio desconhecimento sobre o que aconteceu. No fim de contas, a sua própria ignorância.

Por isso, e porque, se calhar, como o barulho, a gritaria, a algazarra, a histeria vão continuar a ser uma constante, vou continuar a achar que mais vale continuar a ter a boca fechada, do que deixar por lá andar mosca.

2 comentários:

Carmo Rosa disse...

Pois é, querido Zé Maria,
quando se escolhe a via da mediatização, não ponho em causa a opção - as pesoas fazem o que lhes é possivel numa situação destas, acabamos por ficar nas mãos deles. A experiência diz-nos que a opinião pública pode ser muito cruel e muito difícil de controlar. Já se tinha percebido que com tanto alarido à volta da situação, a coisa ía acabar por correr mal!
Um beijo
c

Zé Maria disse...

Mas o problema é que o importante continua a ser o importante. E parece que toda a gente apenas sabe andar a rondar nas margens.
Se calhar porque o que fica é apenas um "pormenorzito": os desaparecidos...
Bjs