quinta-feira, dezembro 27, 2007

Balanços…

«(…) Não me lembro de outro ano tão doentiamente impolítico como este de 2007. Não apolítico ou antipolítico, dois estados reconhecíveis que supõem uma atitude consciente de distância ou negação face à política. O ano de 2007 não foi feito nem dessa distância, nem dessa negação. Foi só um ano que demonstrou a nossa quase total incapacidade de pensarmos sobre o presente, livres da encenação e da pompa majestática do Governo. Foi um ano da lenta desagregação do PSD que, com Luís Filipe Menezes, parece apostado em partilhar os despojos do poder. Foi um ano da estranha domesticação dos dois líderes mais independentes: Louçã, que andou caladinho como nunca no passado, e Portas, que regressou para uma oposição de baixa intensidade, à espera que isso lhe altere a imagem. Em 2007, Sócrates conseguiu o que nenhum outro líder político teve antes dele: uma sociedade que o aceita sem particular entusiasmo, certa das suas imperfeições, mas que desistiu de pensar por si própria. A vida vai triste no reino da Dinamarca.»
Pedro Lomba
UM ANO IMPOLÍTICO
Diário de Notícias, 27.12.2007

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