quarta-feira, janeiro 23, 2008

‘Estória’ de não saber

Não sei de José nem de João, nem mesmo sei se se chamam João e José. Não sei nada sobre as suas vidas, como não sei o que fazem, o que pensam, o que dizem. Até mesmo o que escutam. De quem passa ou não passa perto das suas vidas.

Não sei de José nem de João. Nem mesmo sei como apareceram por ali. Como não sei também se se conhecem, ou se estão ali os dois como se não estivessem os dois ali junto um do outro. Por acaso, até nem sei se o José se chama, afinal, João, ou vice-versa. Ou, por ventura, Manuel, Tiago, Luís, Alfredo, ou António.

Não sei de José nem de João. Nem devo saber se mais alguém desconhece a sorte ou a má sorte destes João e José. Como também não sei se vivem, ou sobrevivem, ali ou apenas se ali se deixam estar.

Não sei muita coisa, das muitas coisas que a vida nos traz.

O que sei é o que vi. Dois cobertores tapando dois corpos, ali mesmo junto à porta de uma das Igrejas que abrigam preces nesta nossa Lisboa tão espiritual e tão mística. Não sei se eram o José e o João. Nem sei tão-pouco o porquê de estarem ali. Sei que a noite já estava. Eles também.

Não sei o depois. Nem sei como terá sido o antes.
Sei que por ali passa gente. Como eu.

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